O que ocorreu há exatos 127 anos está muito longe de ser uma benfeitoria do então Império Brasileiro. A quilombagem, organização negra popular nas suas mais diversas formas, seja se embreando entre as matas para formar comunidades livres, seja nas greves, revoltas, assassinatos dos senhores, ou até mesmo através das leis, desde o primeiro africano e primeira africana que pisaram nessa terra, houve luta. Luta por liberdade, luta por melhores condições de vida, luta para preservar uma identidade, uma raiz sistematicamente fragmentada.
Foi essa luta e essa força que foram capazes de abolir a escravidão em nosso país e manter viva a chama e o sonho da liberdade.
O projeto abolicionista, orquestrado pela elite, foi milimetricamente pensado para não permitir a inclusão das negras e negros na sociedade, pós-abolição. Os africanos e afro-brasileiros eram vistos como um empecilho para o desenvolvimento do nosso país, portando precisavam ser sistematicamente eliminados, invisibilizados, desarticulados, excluídos, removidos, ou então misturados, base essa para a política de branqueamento do país.
Em outro dado momento, percebendo que não seria possível a sua completa eliminação, há uma mudança no discurso, que passa a incorporar elementos da cultura afro-brasileira como parte da identidade nacional. A capoeira é um bom exemplo, prática que inclusive por muito tempo foi proibida, além do samba, da feijoada, entre outras.
Porém, essa assimilação não significou uma inclusão econômica e social dessa população, pelo contrário, a população negra foi sistematicamente marginalizada e impossibilitada de acessar determinados espaços como os bancos escolares, universitários e espaços públicos de poder.
Nestes 515 anos de colonização e 127 anos de falsa abolição, o povo negro sempre conquistou o seu espaço a partir da sua própria força e trajetória, nenhum espaço foi concedido, mas sim conquistados a duras penas.
"Somos herdeiros de uma terra sagrada, qualquer periferia, qualquer quebrada é um pedaço da África", como disse Gaspar, do Z'África Brasil. Somos filhas e filhos dos quilombolas, capoeristas, sambistas, rappers, comunidades tradicionais, ativistas, movimento negro!
Não podemos retroceder! Exigimos mais direitos, exigimos mais espaço, exigimos o direito a vida, exigimos cidadania, exigimos respeito a nossa identidade e cultura.
Por isso, nesse 13 de maio, o nosso lugar é a rua, para denunciar e lutar contra o racismo! A nossa luta por liberdade persiste!
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