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quarta-feira, 1 de junho de 2016

Cultura do estupro?


Sim, cultura do estupro! A cultura deve ser pensada muito além de uma padrão aceitável de comportamento, mas como práticas sociais, comportamentos, símbolos, conjunto de ideias, costumes e tradições.

Uma sociedade construída a partir da colonização violenta, do estupro das mulheres e do extermínio dos povos originários, da relação de estupro da Casa Grande e a Senzala, do patriarcado que coloca o homem como provedor e a mulher como submissa.

Uma sociedade que define os lugares e os papeis sociais que homens e mulheres podem ou não ocupar. Que não tolera a diversidade na identidade de gênero e na orientação sexual.

Uma sociedade que se recusa a debater gênero e sexualidade no ambiente escolar .Uma sociedade que coloca o corpo da mulher negra como objeto do desejo sexual.

Uma sociedade onde os homens devem ser viris, pegadores e as mulheres a depender dos seus trajes podem ser tocadas, hostilizadas ou até mesmo abusadas.

Uma sociedade onde as propagandas, em especial, de cervejas trazem as mulheres como objetos sexuais.

Uma sociedade com essas características apresentas logo a cima e tantas outras que poderiam ser colocadas, produzem uma sociedade machista, sexista,LGTBfóbica. Essas características são tão fortes que fazem muitas vezes as vítimas se sentirem culpadas pela violência sofrida, isso só é possível diante de uma cultura que legitima a ação violenta contras a mulheres.

A preocupação se ela estava vestida descentemente, se tinha usado drogas, se estava no baile funk, se estava na favela, para muitas pessoas eram mais relevante e talvez justificasse a brutalidade de 33 homens estuprarem uma adolescente de 16 anos, isso reflete a cultura do estupro.

Os mesmo homens que produziram a brutalidade do estupro se sentirem tranquilos em filmarem e postar nas redes sociais também reflete a cultura do estupro.

Felizmente , as mesmas redes sociais, através de diversas articulações feministas produziram uma reação em cadeia, provocando um profundo debate na sociedade brasileira, tirando inclusive os homens da zona de conforto.

Acredito que esse seja um dos grandes desafios, como o debate e o combate ao machismo e os seus subprodutos, entres eles a cultura do estupro, possam cada vez mais ganhar corpo no conjunto da sociedade, provocando não apenas reflexões mas mudanças reais.

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